Olá,
Caros blogueiros coloquei um texto aqui de Patrícia Carolo muito didático explicando como a abordagem cognitiva comportamental procede diante da terapia realizadas com crianças e adolescentes. Divirtam-se!
A Terapia Cognitivo Comportamental (TCC) é um termo genérico que abrange mais de vinte abordagens dentro do modelo cognitivo e cognitivo-comportamental que tem comprovado sua eficácia no tratamento de diversos transtornos neuropsiquiátricos, inclusive naqueles vivenciados por crianças e adolescentes. Sua aplicação no atendimento infanto-juvenil tem como objetivo compreender o desenvolvimento do repertório comportamental e das
cognições desses indivíduos. Entende-se por cognições a organização de pensamentos, memórias e expectativas e, num conceito mais abrangente, habilidades mais complexas, como as capacidades de resolução de problemas, comunicação e linguagem que afetam diretamente os comportamentos de crianças e adolescentes. Assim, um dos principais fundamentos da TCC é de que tais cognições influenciam tanto os comportamentos quanto os sentimentos destes
indivíduos. Em função dessa premissa, a TCC utiliza-se de uma série de técnicas que promovem a modificação das cognições e dos comportamentos de crianças e adolescentes comprovadas empiricamente por estudos controlados cientificamente e tem se tornado um dos principais paradigmas para o tratamento de uma série de desordens.
Uma das vertentes da TCC é o Aaron Beck e seus colaboradores, que integra um modelo cognitivo e um conjunto de técnicas e estratégias terapêuticas baseadas diretamente nesse modelo. Esse modelo baseia-se na hipótese da vulnerabilidade cognitiva como um modelo de transtorno emocional. Vulnerabilidade cognitiva refere-se à tendência de certos indivíduos de cometer distorções sistemáticas ao processar informações, distorções que os predispõem a transtornos emocionais.
Assim, o modelo de Beck tem como princípio básico a proposição de que não é uma situação que determina as emoções e comportamentos de um indivíduo, mas sim suas cognições ou interpretações a respeito dessa situação, as quais refletem formas idiossincráticas de processar informação. Com base nesse princípio e na hipótese de primazia das cognições busca-se a reestruturação cognitiva, que refere-se à reestruturação do sistema de esquemas e crenças do paciente a fim de desafiar esquemas e crenças disfuncionais, os quais, ao longo do desenvolvimento do paciente, tornaram-se pouco saudáveis.
As estratégias comportamentais objetivam basicamente avaliar as conseqüências das condutas do indivíduo e de que forma elas mantêm um funcionamento desadaptativo. Assim, tenta-se modificar esse funcionamento de forma a implemantar novos tipos de comportamentos que beneficiem tanto o próprio indivíduo quanto as pessoas ao seu redor.
Como se desenvolve o processo clínico em TC? Inicialmente, o terapeuta cognitivo objetiva devolver ao paciente a flexibilidade cognitiva, através do desafio de suas cognições, a fim de promover mudanças nas emoções e comportamentos que as acompanham. Algumas vezes, a mudança no comportamento faz mudanças no sentido inverso: elas também são capazes de modificar a forma como o indivíduo pensa sobre determinada situação.
Assim, apesar de ser uma abordagem estruturada, baseia-se também numa relação colaborativa entre o terapeuta e o paciente, na qual ambos têm um papel ativo ao longo do processo psicoterápico. Objetiva não apenas a solução dos problemas imediatos do paciente,
mas, através da reestruturação cognitiva, busca dotá-lo de um novo conjunto de técnicas e estratégias a fim de capacitá-lo, a partir daí, a processar e responder de forma funcional, sendo o funcional definido como formas que concorrem para a realização de suas metas.
Além disso, desde a avaliação até a implantação do tratamento, é necessário que as pessoas envolvidas no dia-a-dia do paciente (especialmente se forem crianças e adolescentes) possam colaborar para a eficácia da terapia. Nesse sentido, família e escola são também agentes da mudança de comportamento. Na verdade, esses pacientes passam quase todo o tempo do seu cotidiano envolvidos nesses ambientes. Se o meio é capaz de facilitar esse processo, a eficácia será muito mais facilmente atingida e todos, num sistema, se beneficiarão de tais mudanças.
Contando com um sistema integrado entre os diversos contextos da criança e do adolescente, inúmeros transtornos da infância e adolescência são contemplados com programas de tratamento utilizando a TCC como modelo de psicoterapia. Grande parte deles são temas de estudos científicos e sua eficácia comprovada. De acordo com o funcionamento de cada paciente, é desenvolvido, então, um planejamento baseado em metas e com objetivos específicos a cada etapa do tratamento.
De: Patrícia Barros M. Carolo
Site: www.infanciaeadolescencia.com.br